Imagina a sensação de registrar uma ave que de tão enigmática tem fama de ser a ‘fantasma’ da Mata Atlântica? Para o professor de ensino básico, Roberto Almeida, que tem a observação de aves como um hobby, desde 2015, foi um momento mágico. “Foi uma emoção indescritível, incomparável e fantástica. Valeu a pena não ter desistido desse meu sonho”, detalha ele.
Almeida e o guia Luis Morais foram em busca do jacu-estalo (Neomorphus geoffroyi) na cidade de Caxias, no estado do Maranhão (MA). Os dois foram surpreendidos com a aparição de um casal da ave. “Sempre foi meu sonho desde quando eu me dei conta do quanto ele é importante, enigmático, do auê que causa cada registro e principalmente quando soube que ele ocorre na minha cidade”, diz o professor.
Para Roberto, o mais interessante é que o jacu-estalo ocorre em vários estados do Brasil, e ainda assim é uma ave muito rara de se ver. “E há muitos anos esse animal me intriga. Há seis anos, pouco depois de começar passarinhar eu conheci relatos e vi poucas fotos desse bicho. Desde aquela época era meu maior sonho observar essa ave. E só agora, foi possível”, conta.
De acordo com o biólogo Luciano Lima, apesar do nome, essa ave não é parente do jacu, e sim, do anu, saci e alma-de-gato. “Essa espécie é relativamente grande mede cerca de 50 centímetros de comprimento. Tem as pernas e cauda longas. Tem um bico robusto e um topete que chama a atenção”, destaca ele.
“Apesar de voar pouco, se trata de um animal extremamente veloz e atento ao que acontece a seu redor. Não a toa, ele tem um parente distante que ganhou fama entre as crianças por causa de um desenho animado. Afinal, quem aí não se recorda do papa-léguas? Apesar de existirem poucos estudos sobre a espécie, acreditamos que a dificuldade do jacu-estalo raramente ser flagrado é devido a sua habilidade de correr”, explica.
Hábitos, vocalização e reprodução
Segue formigas-de-correição com freqüência, quando produz um forte estalo com o bico, que lembra o bater dos dentes possantes do porco-do-mato (queixada), hábito que originou alguns de seus nomes populares. Correndo no solo lembra um quatipuru (esquilo).
A ave endêmica da Mata Atlântica, também é conhecida como acanati-de-bico-verde, taiaçuíra, taiaçuguira, aracuã-da-mata, jacu-estalo-de-bico-verde, aracuão, jacu-porco, jacu-queixada e jacu-bagunceiro.
O casal faz um ninho de galhos grossos, forrado de folhas verdes, a 2,5 metros de altura. Põe 1 ou 2 ovos branco-amarelados.