A revelação de que a Fênix Serviços e Construção Ltda, empresa adquirida por Caetano Barroso, filho do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), fechou contrato com a prefeitura de São José de Ribamar justamente após o envio de volumosas emendas-pix do parlamentar. A informação foi revelada pelo jornalista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
Esse fato escancara um padrão cada vez mais preocupante no Brasil: a simbiose entre poder político, repasse público e negócios privados de familiares. Tudo que o deputado federal Márcio Jerry finge combater no Maranhão.
Os documentos apresentados por Cláudio Humberto mostram que o enredo é quase didático. A empresa muda de dono em abril de 2023, passando para as mãos do herdeiro de Jerry.
Poucos meses depois, a prefeitura de Ribamar é contemplada com uma emenda-pix de R$1 milhão, enviada pelo deputado. No mesmo ano, a empresa do filho passa a receber pagamentos que superam em R$540 mil o valor originalmente previsto em contrato.
Em 2024, o ciclo se repete: mais duas emendas em sequência (R$750 mil e R$601 mil), mais pagamentos para a Fênix — inclusive depois do fim do contrato aditivo, encerrado em fevereiro. Uma “coincidência” que não cheira nada bem.
Aqui, não se trata apenas de discutir legalidade, mas de questionar legitimidade e moralidade. O problema não é só Caetano Barroso ter uma empresa que presta serviços de jardinagem, capina ou até montagem de palcos.
O problema é essa empresa prosperar justamente onde as emendas do pai desembarcam. A fronteira entre interesse público e interesse privado se dissolve.
É evidente que Márcio Jerry domina a lógica das emendas como instrumento de poder político. Mas quando os recursos públicos parecem se entrelaçar com os negócios familiares, o debate sai da esfera técnica e entra no campo ético.
A quem serve a “nova política” das emendas-pix? À população de São José de Ribamar ou ao círculo de aliados e familiares que orbitam os gabinetes de Brasília?
Seus adversários já apontam o dedo, lembrando que Jerry e Flávio Dino são aliados históricos, e o ministro do STF, Dino, tem justamente combatido os malefícios destas emendas no Brasil. É preciso entender quando as emendas de Jerry serão alvo de apuração e investigação.